Depressão, o filtro negro da vida
O que é a Depressão
De uma forma muito simplista, a depressão é uma alteração na forma como me vejo e me relaciono comigo, com os outros e com o mundo. Há casos que são mais flagrantes, em que facilmente quem é próximo apercebe-se de que algo não está bem, outros, porém, como a pessoa mantém grande parte da sua funcionalidade no dia a dia, muitas vezes passa desapercebida.
Existem também estruturas de personagem, formas de estar perante a vida, que assumem uma postura mais depressiva, pouco entusiasta e com níveis de energia frequentemente baixos.
A Depressão
- Alteração profunda
- Nem sempre percetível
- Vulgarmente desconsiderada
- O equilíbrio existe
Para mim, no que se refere a esta perturbação, acho extremamente importante termos em conta que depressão é tristeza não processada.
Como eu costumo dizer, tristeza empurrada para “debaixo do tapete”, o “agora não posso estar a pensar nisso” ou “vamos é andar para a frente e fazer coisas para nos distrairmos desta dor”, ou ainda “não consigo lidar com isto, é melhor evitar”, são formas que todos nós conhecemos de empurrar a tristeza, de não lhe dar tempo e espaço para que seja digerida e integrada.
Não existe alegria genuína sem tristeza, não há volta a dar. E muitas vezes o que acontece é que ao evitar o outro lado da moeda, que também faz parte da vida, eu acabo por limitar a alegria e a satisfação que poderia sentir.
Andamos muitas vezes a correr, temos muitas coisas para gerir, pelo que facilmente podemos cair nisto. E é verdade que há momentos em que sentimos que temos mesmo de construir este muro, porque, consciente ou inconscientemente, temos a noção de que não dispomos dos recursos necessários naquele momento para lidar com aquela tristeza de forma produtiva.
Em sessão muitas vezes surge este espaço para que a tristeza ganhe voz, não de forma a patinar no que doeu, mas de uma forma que promova a atribuição de novos significados e a integração do que foi vivido.
Há muitas coisas que sentimos que até podemos fazer sozinhos. A questão muitas vezes é “será que tenho necessidade disso ou posso permitir-me ser ajudado?”.